A voz subiu ao palco pela última vez

A sala de espectáculos mais emblemática da cidade de Lisboa encheu-se no passado dia 9 de Novembro para receber aquela que é, a maior lenda viva da cultura portuguesa, Carlos do Carmo. A voz subiu ao palco pela última vez.

Embora o afastamento dos palcos não signifique o abandono da música, havendo já perspectivada até, a chegada de novo álbum lá para o início de 2020, Carlos do Carmo, comunicou no início de 2019 que se iria retirar dos palcos.

Quase a completar 80 anos, e com 50 de carreira, fê-lo por opção, numa atitude ponderada, “sem amarguras, sem azedumes”, como o próprio terá tido ocasião de referir.

Photo by: José Poiares | @josepoiaresphotography

E eu estava lá

O público compareceu em massa. Num coliseu onde estavam presentes algumas das maiores figuras do Estado, nomeadamente o Sr. Presidente da República e o Sr. Primeiro-Ministro, subiram ao palco poemas de alguns dos maiores poetas portugueses, na sua melhor dicção, na nossa maior identidade.

E eu estava lá. Naquele serão irrepetível, vi o homem na cidade, vi o céu azul da Lisboa amada, vi o Tejo, as gaivotas, os azulejos, a videira de esperança. Sim, vi. E senti os aromas do vinho e das castanhas ou não fosse ele também Outono por estes dias. E ouvi o pregão de ternura. E bebi a aguardente de vida. Por causa das palavras é certo, mas também por causa da alma com que se proferiu cada um dos versos.

Que enorme honra, a minha, ser sua contemporânea Carlos do Carmo e poder lá ter estado para me emocionar e o aplaudir de pé. Ainda não tinha acabado e já eu sentia saudades daquele momento inolvidável. Saudades, ou não tivesse eu ido ver Portugal.

Obrigada Carlos do Carmo!