E depois de limparmos as mãos, chegou o momento de limparmos o palato com um cocktail com muito pouco teor alcoólico. E pronto, estávamos em condições de dar início à viagem que escolhemos – O menu evolução, o menu de degustação mais completo do Chef José Avillez.

Com esta escolha, ficámos, porém, à mercê da cozinha, porque da descrição que é feita, somente ficámos a saber que iriamos: “explorar o desconhecido, partindo do conhecido…” e em momento algum é especificado em que consiste o menu. Nem mesmo o funcionário que fica com a nossa mesa, se abre em relação a qualquer uma das iguarias que fazem parte da ementa. A única coisa que nos foi desvendado foi que os sabores a mar seriam privilegiados, o que para nós oferecia garantia de tranquilidade.

Por opção, não fizemos o “wine paring”, pedimos antes que nos fosse servida uma garrafa de Ruinart. Como apreciadores de champanhe que somos, e ainda mais sabendo à partida que o registo seria muito leve e fresco, veio no decurso da refeição a confirmar-se que a escolha constituiu um casamento de eleição com os pratos que nos foram sendo servidos.

As combinações e as texturas revelaram-se inusitadas, aliás, como seria de esperar. Combinações como “Gamba da costa com creme de pinhão, tremoço gelado e caviar” são coisas que não ocorrem muitas vezes ao comum dos mortais.

De todos os pratos, a minha preferência recaiu sobre as “Ostras com atum fresco e molho asiático” e ainda na “Pescada em folha de figueira” com as suas “línguas”, mini alho-porro assado, tosta de trigo barbela com folhas de figueira, manteiga de figo e presunto.

As advertências que fizemos, foram todas tidas em conta, desde a minha não paixão por trufa, que era uma daquelas coisas que me perseguia em praticamente todas as idas a restaurantes com estrela Michelin. E assim, um dos pratos que tinha na sua composição trufa, a mesma foi retirada para corresponder ao meu gosto.

Pedimos também que nos dessem a conhecer o momento em que passássemos ao prato de carne para assim podermos escolher um vinho tinto a copo e o momento não foi esquecido. Mais uma vez embarcámos no desconhecido, aceitando a sugestão do “Sommelier” que veio a revelar-se perfeita.

Um dos momentos de verdadeira descontração, foi quando, naquele restaurante que eu julgava severo, nos foi sugerido que retirássemos os guardanapos e que em substituição dos mesmos utilizássemos uma manga de cambraia, alva por sinal, que poderíamos colocar no nosso braço para podermos ter aquele momento de verdadeira libertação e de limparmos a boca ao nosso próprio braço. Sim, leram bem, foi mesmo isso que aconteceu. Um momento hilariante. E não há nada melhor do que ter sentido de humor, qualquer que seja o registo onde nos encontremos.

Para mim, chocólatra que sou, faltou-me somente um apontamento de chocolate, confesso. Pensei que estaria reservado para os “Petit Fours”, mas não. Estes foram constituídos por umas nano “Bolas de Berlim” deliciosas.