Jejum Intermitente


Os mais atentos, que me seguem por aqui, sabem que fiz recentemente 53 anos. Sabem que gosto muito de fazer brincadeiras com o assunto “peso”, “dietas” e “comida”, mas que mais não é do que isso mesmo, brincadeiras.

Antes de avançar, gostaria ainda de esclarecer que não sou médica, não sou nutricionista e que o que vou agora partilhar convosco, é tão somente a minha experiência pessoal.

Photo by: Telma Veríssimo

Ora, por muito que eu brinque com estas temáticas, devo elucidar-vos que nunca tive problemas de oscilação de peso. Tive a sorte de ter aprendido a comer numa consulta de nutrição que fiz ainda não era hábito recorrer-se a esses profissionais de saúde. E na altura aprendi coisas básicas como não misturar os hidratos de carbono, a beber muita água e a fazer algo que hoje até é muito contestado que é, comer de 3 em 3 horas.

Seja como for, sempre consegui controlar o meu peso. Mas sim, também é verdade que, se pelos meus 20 anos, bastava uma noite mais mal dormida para me fazer abater 1 ou 2 quilos, agora, as noites mal dormidas dão-me sobretudo para as compensar comendo no dia seguinte, e não é brócolos.

Ora, quando estava pelos meus 46/47 anos, comecei a sentir alguma dificuldade em controlar a fome, sobretudo ao serão. Isto é, eu até poderia ter uma conduta correta durante todo o dia, até ao jantar, mas à noite, antes de ir para a cama, a coisa assumia outros contornos e esse controle era mais difícil de atingir, senão dizer mesmo, impossível. E não, ir buscar uma infusão e beber, para mascarar a fome, só me fazia acordar durante a madrugada para ir fazer xixi, mais nada. Porque se “a fome” lá estivesse, ela só acabava quando fosse satisfeita com aquilo que me apetecia na altura.

Foi então que comecei a pesquisar soluções na internet (Óbvio!). E então, encontrei uma autora americana, Naomi Whittel, que falava na questão hormonal nas mulheres e na dificuldade destas manterem o peso a partir de determinada altura. A temática pareceu-me muito interessante e fez-me muito sentido. Resolvi então aprofundar o conhecimento nessa área e no que ela tinha para dizer.

A autora havia inclusive tido a oportunidade de entrevistar um cientista japonês, prémio nobel da medicina, Yoshinori Ohsumi e este falava num mecanismo em que as células, quando privadas de alimento, digerem parte de si mesmas, a designada autofagia. Levando a crer que o jejum intermitente poderia ser visto como um motor para a saúde,  para o controle do apetite e consequentemente para a perda de peso!

Adquiri o livro que a mesma editara “High Fibre Keto” e li-o de fio a pavio. O livro é também centrado nos benefícios da dieta cetogénica, tem receitas, etc. mas explica por A mais B como praticar o jejum intermitente. Na altura, estávamos em 2016/2017, confesso que não tinha ouvido falar a ninguém aqui em Portugal desta prática.

Acho importante partilhar convosco como cheguei a esse conhecimento, mas vamos ao que interessa. Partilharei de seguida os princípios que me ficaram e também a minha interpretação e experiências propriamente ditas.

Todos nós fazemos jejum quando dormimos, pelo que, se considerarmos 8 horas de sono, já temos 8 horas completas. Então, podemos “adicionar” mais umas horas antes de ir dormir e não comer logo assim que se acorda. Ora isto pode levar-nos não às “normais” 12, mas a 14, a 16 ou até mesmo a 18 (Há quem faça ainda 1 dia por semana de 24 horas ou ainda outras variantes, mas estou aqui para partilhar a minha experiência). Assim:

1 – Tomo a minha última refeição do dia até às 20:00.

2 – Não como logo assim que acordo.

3 – O jejum com o qual me sinto confortável é o de 16 horas. Pelo que, se deixo de comer às 20:00 do dia anterior, só vou comer no dia seguinte às 12:00. Mas não faço isso todos os dias. Passo a explicar de seguida.

O que é dito a determinada altura no livro é que se tivermos sempre a mesma rotina, o mesmo horário de 14, 16 ou 18, o corpo habitua-se e deixa de reconhecer a “surpresa” do jejum mais dilatado e então, a “autofagia” é comprometida. Então, quantos dias de jejum de 16 horas é que eu faço?

4 – Faço 3 dias de jejum de 16 horas.

5 – No meu caso, por opção, às segundas, quartas e sextas. Isto é, todos os dias da semana a minha última refeição é até às 20:00 e nestes dias mencionados só como às 12:00.

Então e nos outros dias?

6 – Nos outros dias, ou seja, às terças, quintas, sábados e domingos não como logo ao acordar na mesma. São dias da prática de exercício físico. Em jejum, sim. Cerca de 30 minutos depois do exercício é que como. O que pode coincidir com o tempo para tomar duche, etc.

Informação útil a reter:

7 – Devemos manter-nos hidratados durante o período que fazemos o jejum.

8 – Não é considerado quebra de jejum se ingerirmos: Água (obviamente), chá, café, caldo de ossos, café turbinado.

O que comer depois de quebrar o jejum?

9 – Mas nós não quebramos o jejum todos os dias? E não é dito que o ideal é começarmos a primeira refeição com proteína? Pelo ovo, nomeadamente? Eu gosto muito da clara de ovo, por exemplo ou então por começar com aquelas tostas de farinha de grão que muitas vezes tenho partilhado convosco.

10 – O importante é evitar os doces, as farinhas refinadas e por aí fora, durante toda a janela horária em que é permitido comer.

Sabem o que mais me surpreendeu nesta experiência? É que por mais que possa parecer incongruente, o jejum intermitente faz-me controlar melhor a fome à noite.

Mimi à la carte

Um lugar onde a casa, a comida e outras descobertas felizes se juntam. Sobre mim.

Para questões ou sugestões, estou aqui.

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